V Semana do Teatro no Maranhão

V Semana do Teatro no Maranhão
Arte - Raimundo Jr.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Perdidos em Plínio Marcos

RELEASE

O grupo vem direcionando suas atividades a partir de laboratórios corporais e discussões sobre a vida de Plínio Marcos, análise da obra “Dois perdidos numa noite suja” , assim como, críticas e características sociais e políticas do período em que a obra foi escrita, principais influências para construção da peça como o Terror de Roma de Alberto Moravia e as relações dela com outras obras desse autor como Navalha na carne e Abajur lilás e com peças de outros autores como Esperando Godot de Samuel Beckett. Discutimos ainda, o método de Grotowski (com ênfase nos arquétipos) e a performance segundo Hans Lehmann.

Ao pensar na condição de ser humano, damos de cara com os mais diversos retratos sociais. Alguns tão cruéis que duvidamos serem de fato seres humanos. Poucos autores, na literatura brasileira ilustraram melhor a existência do homem enquanto ser real, com dores reais, vida real e necessidades reais, como Plínio Marcos.

Perdidos em Plínio Marcos, é um dos experimentos resultantes do processo de pesquisa vivenciado atualmente pela XIBÉ CIA CÊNICA. Expomos aqui retratos baseados em três textos teatrais do autor nascido em Santos; Navalha na Carne, Abajur Lilás e Dois Perdidos Numa Noite Suja. Decidimos que não utilizaríamos os textos na íntegra e como os laboratórios estavam voltados para o corpo priorizamos sua essência e passamos a usar os textos criados pelos atores a partir das sensações adquiridas nas oficinas assim como, inter-textos de outras obras de Plínio.

Em 20 minutos de performance confrontamos o público com uma realidade que é negada a cada dia por todos nós, por medo de percebemos que nosso pior pesadelo e nosso maior porto-seguro são um só, o outro. Os símbolos utilizados foram escolhidos por diversos motivos, um deles é o trabalho que eles realizam no mercado, o de carregar caixas, mas principalmente pela dependência que existe entre ambos embora não se suportem eles estão ligados àquela situação onde sempre precisam um do outro. Eles mantêm uma relação complexa de companheirismo e inimizade, estando sempre na ofensiva ou na defensiva. Seguimos então discutindo as relações de dependência e desprezo entre pessoas que necessitam de quem mais odeiam para sentirem-se vivos, perceberem que existem e assim como vários outros, são humanos. Amor e ódio, matrizes de um único fator da existência; a relação humana.

“Ser impedido de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com o suor do próprio rosto é terrível. Você tem a sensação de que é um exilado no seu próprio país” (Plínio Marcos).